sábado, 19 de janeiro de 2008

Esquerda.Net - Economia Mundial à beira da recessão

O sono dos mercados está comprometido. Estão sofrendo distúrbios neurovegetativos. A economia americana não vai tão bem. Não vão bem também os exércitos americanos que invadiram o Iraque e o Afeganistão. Enfim, toda a ordem global que supunha um ciclo interminavelmente longo de cenários internacionais favoráveis está, agora, posta em questão. A matéria publicada no Esquerda.net de Portugal expõe uma apreciação bastante equilibrada deste momento.



Esquerda.Net - Economia Mundial à beira da recessão








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17-Jan-2008
Bolsas mundiais anunciam criseOs recentes resultados das principais bolsas mundiais revelam que a economia mundial pode estar a entrar num processo de recessão. A economia norte-americana – onde terá tido origem este problema global – apresenta indicadores preocupantes no consumo, no emprego e, sobretudo, no sector imobiliário. Em Portugal, a crise atinge os principais títulos em Bolsa, afecta milhares de famílias sobre-endividadas mas não impede o aumento das desigualdades sociais e as principescas remunerações auferidas pelos administradores de algumas empresas.

Os sinais vêm de todo o lado: os resultados das principais bolsas mundias revelam que a economia mundial está a entrar em recessão: desde o início do ano, o índice europeu DJ Stoxx 50 já perdeu 7%, o Ibex-35 (da Bolsa de Madrid) caíu quase 10%, o Dow Jones (Nova Iorque) desceu 7% e o Nikkei (Tóquio) foi penalizado em 12%. A evolução da economia norte-americana – aparentemente responsável por este problema global – revela um abrandamento do consumo, descida do emprego e, sobretudo, grande crise no sector imobiliário. Empresas como a Intel ou o Banco Citigroup apresentaram recentemente resultados muito negativos, tendo o banco atingido os piores resultados da sua história.


Alan Greenspan, ex-presidente do Banco Federal dos Estados Unidos, tinha admitido em Setembro a possibilidade de uma recessão mundial. No final do ano voltaria a alertar para essa possibilidade mas teve uma curiosa resposta de outro consagrado economista norte-americano: o prémio nobel Joseph Stiglitz considerou Greenspan um dos principais responsáveis por esta crise, que terá sido alimentada pela descida das taxas de juro para 1% nos EUA no início dos anos 90. Esse embaratecimento dos empréstimos alimentou a concessão massificada de crédito, em particular para aquisição de habitação, nascendo o subprime (concessão de crédito a clientes de baixo rendimento e alto risco), o que mais tarde se revelaria catastrófico.


Em Portugal verificou-se fenómeno semelhante, na segunda metade dos anos 90. Os juros baixos alimentaram uma desenfreada especulação imobiliária, com os bancos nacionais a financiarem a aquisição de primeiras e segundas habitações pelas famílias portuguesas, que hoje se vêm altamente endividadas e sem hipóteses de pagar as respectivas prestações. A banca, as imobiliárias e as construtoras beneficiaram das perdas da classe média, em Portugal e noutros países da Europa e do Mundo.


A Bolsa de Lisboa teve em 2008 o pior início de ano da sua história, com uma perda de 11,5% no índice PSI-20 em duas semanas. É o índice europeu mais penalizado este ano, perdendo mais de 4,2 milhões de euros. Das empresas que integram este índice, apenas a PT obteve alguns ganhos (valorizou 1,45% desde o início de 2008) mas há outras com perdas superiores a 20% (Altri, Galp, Sonae SPGS, Sonae Indústria e Sonaecom). No ano passado o índice PSI-20 tinha registado ganhos de 16%, já quase perdidos em apenas duas semanas.


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